David Andrade, em Saint-Etienne
“Estes merecem muito mais o nosso apoio do que os futebolistas.” Maria Santos não foi, certamente, a emigrante que mais quilómetros fez para apoiar a selecção nacional de râguebi na estreia num Campeonato do Mundo, mas era uma das mais entusiastas. Veio de Lyon de comboio, onde no próximo dia 15 Portugal joga contra a Nova Zelândia, e lamenta não ter bilhetes para essa partida que, afinal, é na sua “casa”. “A outra selecção [Nova Zelândia] que vai jogar contra Portugal em Lyon parece que é muito famosa e os bilhetes esgotaram logo. Mas hoje estou aqui, em Saint-Etienne, e quero agradecer a estes jogadores o que têm feito pelo nosso país”, começou por dizer. Para Maria Santos, a selecção nacional de râguebi devia “servir de exemplo”, porque nos últimos tempos “eles devem ter passado por muitas dificuldades e tiveram que deixar as suas famílias para virem para aqui tanto tempo. E eles não ganham nada. Estes merecem muito mais o nosso apoio do que os futebolistas”. E o apoio que os jogadores portugueses tiveram antes do início da partida foi impressionante. Uma hora e meia antes do início do jogo, centenas de portugueses acotovelavam-se na entrada do estádio Geoffroy-Guichard à espera da chegada do autocarro português. Numa demonstração de garra e vontade, o capitão Vasco Uva agradeceu aos adeptos nacionais com o punho fechado. João Ferreira vive em Paris e era um dos que aguardou o autocarro português. Trouxe o filho Ricardo, de 12 anos, e gastou “uns 400 euros”, mas “vai valer a pena”. Ao contrário do futebol, “em que o mais importante é o resultado” a selecção portuguesa de râguebi “merece apenas o nosso apoio sem preocuparmo-nos com mais nada”. “O resultado neste jogo é o que menos interessa”, concluiu. Ao seu lado, com uma garrafa de whisky na mão, Simon Ross acenava afirmativamente com a cabeça, embora não percebesse uma palavra de português. Veio da cidade escocesa de Falkirk para “uma grande festa”, mas “também para ver a Escócia ganhar”. Do râguebi português, Simon “não conhece nada” e perguntava ao PÚBLICO, um pouco desconfiado, se os jogadores nacionais eram “mesmo amadores”. “O Mundial de râguebi não é nenhuma brincadeira e se Portugal chegou cá é porque tem valor. A Escócia vai ganhar este jogo de certeza, mas vocês já são os campeões do mundo por chegarem aqui. Agora aproveitem a festa”, terminou Ross, seguindo depois o seu percurso para o estádio sempre com a sua garrafa bem segura na mão.
domingo, 9 de setembro de 2007
“O resultado neste jogo é o que menos me interessa”
à(s) 20:37
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4 comentários:
O rugby é uma verdadeira festa!
Nada de pedras e cadeiras a voar, "very lights" e nem de de hooligans!!!
Só para indicar que nem a equipa portuguesa só tem amadores, nem é a primeira equipa amadora do mundial de Rugby, nem é a única que tem mais amadores. Obviamente sem retirar o mérito ao excelente comportamento e atitude do XV português neste mundial.
Não é a primeira? Mas o filipe não sabe que o râguebi só é profissional há 15 anos? E que mesmo na europa, a profissionalização era muito mal vista, apenas há 10 anos atrás? É evidente que não são os primeiros, mas são os únicos da era profissional, uma era em que o râguebi profissional tem uma diferença estratosférica para o amador. O sue comentário, aparentemente de conhecedor, é incompleto e procura tirar o mérito a quem o tem. Informe-se melhor, e até ao fim. Conselho de conhecedor mais aprofundado.
Carificação: do meu comentário extrai-se que os CM, que começaram a ser disputados em 1987, tiveram evidnetemente inúmeras equipas amadoras, no sentido em que TODOS os jogadores tinham outras profissões. A chamada evidnecia do Monsieur de La Palisse. Bem hajam.
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