sábado, 20 de outubro de 2007

Duelo Wilkinson-Montgomery

David Andrade, em Paris


Jonny Wilkinson (Inglaterra)
Foto: Eddie Keogh/Reuters

O comportamento da selecção inglesa neste Campeonato do Mundo tem que ser dividido em duas partes: Com e sem Jonny Wilkinson. Depois de ter desempenhado um papel decisivo no Mundial de há quatro anos, na Austrália, onde foi o melhor marcador do torneio e marcou um fantástico pontapé de ressalto a menos de 30 segundos de terminar o prolongamento na final contra os australianos que desempatou a partida, Wilkinson foi vítima de sucessivas lesões que o afastou dos relvados durante quatro anos. No início deste ano, para contentamento de todos os adeptos ingleses, Wilko acabou por regressar. No entanto, logo nos primeiros dias da estadia da Inglaterra em França, Jonny Wilkinson voltou a sofrer uma lesão que colocou em causa toda a estratégia dos actuais campeões do mundo. O número 10 inglês acabou mesmo por falhar os dois primeiros jogos do Campeonato do Mundo e a selecção britânica ressentiu-se muito da sua ausência. Um desses jogos foi mesmo contra a África do Sul e a Inglaterra foi claramente batida por 36-0. Com o seu regresso no terceiro encontro contra Samoa, a selecção inglesa melhorou de forma evidente. Mesmo sem estar ao nível do Mundial de 2003, Wilkinson foi decisivo em todos os jogos que participou – contra a Austrália nos quartos-de-final marcou todos os pontos da equipa e na meia-final contra a França marcou seis pontos nos últimos cinco minutos que garantiram a vitória inglesa. Os seus níveis de eficácia não são, porém, brilhantes: 63 por cento de sucesso na conversão de penalidades e 56 por centos nas conversões. Apesar disso, Wilkinson continua a ser temível nos pontapés de ressalto (já conseguiu cinco neste Mundial em quatro jogos) e a qualquer momento pode resolver um encontro.


Percy Montgomery (África do Sul)
Foto: Howard Burditt/Reuters

Se a Inglaterra tem Jonny Wilkinson, a África do Sul responde com Percy Montgomery. E os números, deste Campeonato do Mundo, dão clara vantagem ao jogador da África do Sul sobre Wilkinson. Montgomery tem sido o espelho da sua selecção neste Mundial. Com uma fiabilidade impressionante, o defesa dos Springboks é o melhor marcador da competição e, no jogo ao pé, tem sido de uma precisão notável. O número 15 da África do Sul apenas não foi titular na terceira partida da sua equipa contra Tonga (acabou por entrar no decorrer da segunda parte) e nas 14 penalidades que tentou converter, apenas falhou uma, o que dá uma percentagem de sucesso de 93 por cento. Já nas conversões após a obtenção de um ensaio, Montgomery já conseguiu converter 22 (73 por cento). A estes números, o defesa da África do Sul junta ainda dois ensaios obtidos contra Samoa, o que o torna o melhor marcador do Campeonato do Mundo com um total de 93 pontos. Com 33 anos, Percy Montgomery estreou-se na selecção sul-africana em 1997. Desde então, apresenta números de respeito que o tornam recordistas de presenças e pontos marcados pelo seu país. Com 93 partidas disputadas pelos Springboks, conseguiu 24 ensaios, 150 conversões, 141 penalidades e seis pontapés de ressalto o que perfaz um total de 861 pontos ao serviço da equipa da África do Sul. Apesar de ser uma das principais referências do râguebi sul-africano, entre 2001 e 2004 Montgomery esteve afastado da selecção africana. Acabou por ser o actual seleccionador Jack White que o voltou a convocar após o Mundial de 2003 (onde Montgomery esteve ausente) e no jogo de hoje o defesa dos Springboks vai ter um papel preponderante numa final onde o jogo ao pé deverá ser decisivo.

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