sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Um desporto que marca a diferença


Por: David Andrade, em Paris

O râguebi (ainda) não é um desporto muito conhecido em Portugal, apesar de uma competição como o Mundial que hoje se inicia ter audiências televisivas superiores a três biliões de espectadores em todo o mundo. No entanto, para quem pratica, praticou ou simplesmente aprecia, esta é uma modalidade diferente de todas as outras. Ao contrário do que os menos conhecedores deste desporto podem pensar, o râguebi está longe de ser uma modalidade violenta. Arrisco mesmo a dizer (sendo apreciador dos dois desportos) que o futebol é muito mais violento. O râguebi é, isso sim, um desporto de muito contacto físico. Mas isso não é sinónimo de violência. Mas afinal o que tem o râguebi de tão diferente? Acima de tudo existe uma mentalidade pouco habitual noutro tipo de desportos. A melhor forma de o explicar, é citando uma frase de Tomaz Morais em entrevista ao PÚBLICO em 2004: “Costumo dizer que o râguebi é um ensaio para a vida. Nós não queremos que os atletas cheguem aos 30/32 anos e não tenham mais nada para fazer. Queremos o râguebi de uma forma pedagógica e que construa um indivíduo.” E o râguebi é, sem dúvida, uma escola onde se aprende, acima de tudo, a respeitar os adversários e a trabalhar em equipa. No râguebi nenhum jogador pode brilhar sozinho e os quinze jogadores que estão em campo precisam, todos, de ter o apoio do colega do lado. Mas o râguebi não se distingue só pelo enorme respeito e camaradagem que, regra geral, todos os seus atletas praticam. No dia 20, em Saint-Etienne, será disputado um Escócia-Itália. O mais certo é os adeptos das suas selecções assistirem ao jogo lado-a-lado, em clima de festa. Alguém imagina o que teria que ser feito, por parte das forças de segurança, se se tratasse de um jogo de futebol? E também não há registo de qualquer lista de adeptos ingleses proibidos de se deslocarem a França para apoiarem a sua selecção. Situações impensáveis num Campeonato do Mundo de futebol. Vasco Uva, capitão da selecção, numa entrevista publicada no fim-de-semana passado na revista “Notícias Sábado” contou que os jogadores da selecção de râguebi se divertem a assistir às simulações dos jogadores de futebol. “Essas simulações não fazem parte do jogo, é falta de ‘fair-play’, não é essa imagem que o desportista deve passar para a sociedade”, referiu. E foi mais longe: “Para jogar na selecção e cantar o hino, é preciso sentir. Nós sentimos, os futebolistas nem tanto”. É esta a cultura que faz do râguebi um desporto que marca a diferença.
Uma última nota: Se for assistir, pela primeira vez, a um jogo de râguebi e não vir nem adeptos, nem jogadores, a insultar o árbitro, não se assuste. Isso é normal.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ontem a noite foi noite de alegrias para uns e desilusões para outros... finalmente a convocatória para o primeiro jogo do mundial PORTUGAL v Escócia!

1. Rui Cordeiro
2.Joaquim Ferreira
3.Christian Spatchuk
4.Gonçalo Uva
5.David Penalva
6.Juan Severino
7.João Uva
8.Vasco Uva
9.José Pinto
10.Duarte Cardoso Pinto
11.Pedro Carvalho
12.Diogo Mateus
13.Frederico Sousa
14.David Mateus
15.Pedro Leal

16.Juan Murre
17.João Correia
18.Diogo Coutinho
19.Paulo Murrinello
20.Luis Pissarra
21.Pedro Cabral
22.Miguel Portela

Reservas: André Sila e António Aguilar