sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Tomaz Morais: O homem que não sabe desistir


Por: David Andrade, em Paris
Foto: Enric Vives-Rubio

Aos 37 anos é já considerado o melhor treinador nacional de râguebi de todos os tempos e conseguiu, em apenas seis anos, colocar Portugal como uma selecção respeitável no râguebi europeu. Nasceu no Huambo, em Angola, é professor licenciado em Educação Física e Desporto pela Universidade Lusófona de Lisboa e começou a jogar râguebi aos sete anos por influência do irmão. Gostou muito porque “marcou um ensaio no primeiro jogo” que fez. O hábito de ganhar viciou-o no jogo e em vitórias e a palavra “desistir” não entra no seu dicionário. Admirado pelos jogadores e respeitado pelos adversários, Tomaz Morais é, sem dúvida, o grande responsável pela maior conquista de sempre do râguebi nacional. “Olhem para o râguebi e vejam o que estamos a fazer.” O repto de Tomaz Morais, em 2004, em entrevista ao PÚBLICO, demonstra muito da personalidade do seleccionador português. Sem ser profissional, Morais dedica “quase 24 horas por dia” à modalidade. “Mesmo a dormir, o râguebi está no meu pensamento. Gerir e trabalhar uma equipa exige pensamento contínuo. Eu tenho tido trabalho, trabalho e trabalho”. E em todo o empenho que Tomaz Morais investe no râguebi, exige um retorno. Seja da parte dos seus jogadores, dos dirigentes ou da imprensa portuguesa. Um dos principais lamentos do seleccionador é que o râguebi português seja “muito mais conhecido internacionalmente do que em termos nacionais”. A carreira de Tomaz Morais como jogador foi precocemente interrompida aos 26 anos. Num lance aparentemente banal, saltou para receber um passe e foi placado em falta. Apesar das dores, levantou-se e continuou a jogar, porque “há um bichinho” que não o deixa desistir. “Talvez seja essa a cultura do râguebi”, esclarece. A pior noticia, no entanto, surgiu algumas semanas mais tarde: uma vértebra fracturada e dois discos lesionados. Desistir voltou a estar fora de hipótese: “Nesse momento decidi tornar-me treinador. Abandonar o desporto nunca foi uma hipótese.” Apesar de ser um dos mais jovens seleccionadores presentes no França 2007, Tomaz Morais é visto pelos jogadores portugueses como “um pai”. Defensor do espírito de grupo, Morais utiliza técnicas inovadoras para motivar os seus atletas. É ele que define o número de cervejas que cada jogador pode beber após cada vitória, antes de cada partida escolhe um filme para a equipa ver em conjunto e, tem o hábito, de escrever cartas aos jogadores. Para Vasco Uva, o capitão da selecção, Tomaz Morais escreveu “o que diz um pai a um filho antes do seu primeiro jogo”. Reconhecido pelo seu trabalho, Tomaz Morais é actualmente um dos mais requisitados e conceituados conferencistas portugueses em desporto e faz parte dos quadros do Sporting onde dá formação a dirigentes e treinadores. Recentemente publico o livro: “Compromisso: nunca desistir”.

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