sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Râguebi: último treino em Portugal para derrotar Roménia e tentar parar Nova Zelândia

Por: Pedro Andrade Soares

Duas horas de exercício contínuo, placagem atrás de placagem, muito suor, camisolas rasgadas e uma união entre os jogadores que saltou à vista. Foi assim o último treino da selecção portuguesa de râguebi em solo português antes da participação inédita no Mundial da modalidade, que arranca no próximo dia 7, em França.

“Mete a bola bem à frente do peito” e “não tirem o pé” foram frases de incentivo repetidas hoje pelo seleccionador Tomaz Morais, num dos relvados do complexo do Estádio Nacional, aos 30 “lobos” convocados para a difícil e histórica tarefa de enfrentar a Nova Zelândia, a Escócia, a Itália e a Roménia, no Grupo C da competição.

“Temos de sair do Mundial de cabeça erguida. Os campeões são os que conseguem ultrapassar as adversidades. Mas não temos ambições desmedidas. Não podemos pedir à equipa que ganhe à Nova Zelândia” — considerada a melhor selecção do mundo, enquanto Portugal ocupa o 21º lugar do ranking mundial —, afirmou Tomaz Morais após o treino realizado entre as 10h e as 12h, sempre sob calor intenso, e que contou com apenas 20 espectadores. Aliás, segundo sublinhou ao PÚBLICO o defesa Pedro Leal (estudante de Economia, 23 anos), defrontar os “All Blacks” vai ser o “concretizar de um sonho muito antigo”, uma vez que será um jogo inédito em râguebi de XV.

"Falta-nos ritmo competitivo"

Com o seleccionador e os jogadores a falarem a uma só voz, os objectivos traçados para a participação de Portugal no Mundial são bem claros: todos querem “aguentar os três primeiros jogos” — Escócia, Nova Zelândia e Itália — sem permitir resultados muito desnivelados e vencer os romenos, no último encontro do grupo. Contudo, a Roménia apresenta uma selecção profissional — quase todos os seus atletas jogam em França —, ao contrário de Portugal, que é a primeira formação amadora (tem apenas cinco elementos com contrato profissional) a conseguir o apuramento para uma fase final de um Campeonato do Mundo de râguebi.

“Estamos na recta final da preparação. Temos realizado boas exibições, mas queremos resultados menos dolorosos. Isto é tudo novo. Falta-nos ritmo competitivo”, disse também Morais, referindo-se à derrota (42-12) frente ao Canadá, no sábado passado, em jogo de preparação para o Mundial. Agora, os “lobos” vão tentar ganhar o último encontro particular a disputar antes do arranque da prova — contra o Japão, que também estará no Mundial. O encontro realiza-se sábado (19h), em Treviso, Itália, para onde partiram hoje à tarde. Após o embate com os japoneses, regressam a Portugal, tendo direito a três dias de descanso antes da viagem para França, no dia 30.

Aos 31 anos, o médio de formação Luís Pissarra, o segundo jogador português com mais internacionalizações (71), sendo apenas batido por Joaquim Ferreira, considerou, em declarações ao PÚBLICO, que a selecção quer, em cada jogo, “marcar o máximo de pontos, para dignificar o país e o râguebi”. O médico veterinário, que representa a Agronomia (actual campeã nacional), acrescentou que, para isso, a carga de treinos tem sido muito forte, até para possibilitar depois a rotatividade de jogadores sem perder qualidade, tendo em vista as quatro partidas que Portugal realizará em apenas 16 dias — começa frente à Escócia no dia 9 e termina a fase de grupos com a Roménia a 25.

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