Três perguntas a Miguel Portela

David Andrade, em Paris

PÚBLICO – As primeiras semanas no Mundial e o jogo contra a Escócia corresponderam às expectativas?
MIGUEL PORTELA – As primeiras semanas estão a corresponder às expectativas. Foram semanas de treinos muito boas e foram os melhores treinos que tivemos ao longo destes quatro anos. Não é nada que nos espante, porque o Tomaz Morais já nos habituou a preparar muito bem este tipo de competição. No domingo, no jogo contra a Escócia, que era o grande teste, julgo que foi uma prova de fogo superada, embora o resultado não tenha sido perfeito, porque penso que podíamos ter tirado 10 a 15 pontos favoráveis à Escócia no resultado final e tinha tornado tudo muito mais equilibrado. A exibição foi muito boa e a entrega dos jogadores foi a que já esperávamos: lutar do primeiro ao último minuto com grande atitude, agressividade e entrega total de corpo e alma para defender o nome de Portugal.

Qual é o jogador que mais gostava de defrontar e porquê?
Nesta altura do campeonato não é um jogador que mais tenho vontade de defrontar, é uma selecção: a Roménia. Pode ficar na história de Portugal porque é o jogo em que podemos almejar uma vitória numa fase final de um Campeonato do Mundo. Se o lograrmos, aí sim, teremos feito história porque o facto de estarmos aqui a participar é histórico, mas isso já aconteceu em Montevideu [onde Portugal conseguiu a qualificação]. Agora temos que virar a página e acrescentar mais um ponto à história deste grupo alcançando uma vitória no Mundial. Com o ensaio do Pedro Carvalho contra a Escócia já conseguimos também escrever alguma história.

Que benefícios pode trazer para o râguebi português esta presença no Campeonato do Mundo?
Julgo que os benefícios estão patentes. Tem havido uma divulgação nos meios de comunicação social do râguebi nunca antes vista e tem sido criada uma imagem à volta da selecção nacional muito positiva. Partindo desse ponto, julgo que estão lançadas as sementes para se conseguir aumentar o número de praticantes, fortalecendo assim a modalidade em Portugal. Há um caminho longo a percorrer, mas sem dúvida que a nossa participação no Campeonato do Mundo é muito importante e deverá agora ser aproveitada pelos nossos dirigentes.