domingo, 16 de setembro de 2007

“Se o râguebi fosse fácil, a tua mãe estaria a jogar”


David Andrade, em Lyon (texto e foto)

Quem entrasse no metro de Lyon hoje de manhã a caminho do Estádio de Gerland quase que podia imaginar que estava do outro lado do mundo. Com camisolas pretas por todo o lado, a única língua que se ouvia era um inglês com sotaque do Pacífico. Havia os três amigos neozelandeses que vivem em Londres e “não podiam perder a oportunidade de ver a melhor selecção do mundo” de râguebi, havia quatro homens altos com cabeleiras encaracoladas e havia um kiwi. Não o fruto, mas sim o pássaro nativo da Nova Zelândia. Era de borracha e Steve Jack trouxe-o da Nova Zelândia “para ver os All Blacks ganharem o Campeonato do Mundo”. Portugueses é que não se viam. A chegada aos arredores do Estádio Gerland apagou o cenário mais preocupante. Afinal os portugueses também estavam em grande número. Com o kiwi numa mão e uma bola de râguebi em miniatura na outra, Steve Jack que amanhã já vai partir para Edimburgo para ver a sua selecção jogar na próxima semana contra a Escócia, era um dos centros das atenções dos fotógrafos. Os portugueses, ao contrário do que aconteceu em Saint-Etienne na partida contra os escoceses, passavam despercebidos. Dos arredores de Lisboa veio uma equipa inteira de râguebi. O Belas Rugby Club está em França a fazer um estágio e depois de terem assistido ao primeiro jogo de Portugal, hoje voltaram a dar um importante apoio à selecção portuguesa. Mas a festa era neozelandesa. Com bandeiras e cartazes os adeptos dos All Blacks surgiam de todos os lados e numa camisola lia-se que “se o râguebi fosse fácil, a tua mãe estaria a jogar”. Ricardo Santos, que veio de Portugal “para dar ainda mais força ao lobos”, explicava o motivo para a euforia neozelandesa em contraste com a apatia portuguesa: “Nós ainda estamos a acordar. Não estamos habituados a jogos à hora do almoço. Na Nova Zelândia esta é a hora da ‘borga’ porque lá já é noite.”

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