Levantado boicote noticioso ao Mundial de râguebi

Por: PÚBLICO

O braço-de-ferro relativo à cobertura do Mundial acabou hoje a menos de duas horas do jogo inaugural, França-Argentina, graças a um acordo entre os media e a Federação Internacional de Râguebi (IRB).

Ontem, algumas das principais agências noticiosas (AFP, AP, Reuters, EFE, DPA, Getty, Gamma) anunciaram o boicote informativo à competição por considerarem que a intenção da IRB em limitar a 40 fotos/jogo (mais dez em caso de prolongamento) a difusão de imagens na Internet restringia as suas liberdades comercial e de informar. O impasse manteve-se durante o dia – “foram difíceis as negociações”, reconheceu Pierre Louette, presidente da AFP –, mas ao final da tarde de hoje o acordo foi conseguido com cedências dos dois lados.

Os media (uma coligação que ontem já reunia 40 órgãos) estão autorizados a utilizar 200 fotos por jogo na Net (incluindo o prolongamento), e não 50 no total como a IRB propôs na véspera. As duas partes voltam a reunir-se na segunda-feira, em Paris, para discutir as restrições à cobertura televisiva dos treinos para os órgãos que não compraram os direitos de retransmissão (nestes casos há um limite diário de três minutos). Ficou ainda decidido que, após o Mundial, as duas partes vão reencontrar-se para analisarem a situação.

“Este acordo preserva o essencial. É evidente que devemos continuar, no futuro, a trabalhar na procura de um equilíbrio entre a missão dos jornalistas, os interesses dos nossos clientes, e os dos organizadores e dos patrocinadores [do evento]”, disse Pierre Louette.

O bloqueio, que teve como mentor aquele grupo de agências, foi alargado nas horas seguintes a ser decretado. Recebeu, por exemplo, o importante apoio do grupo "L’Equipe" (jornal desportivo francês) – ontem à noite anunciou que no seu site não seria actualizada a informação sobre o Mundial, o que seria alargado à edição em papel.

Jogos em Portugal só em sinal fechado

Em Portugal, a Sport TV vai transmitir em sinal fechado os jogos do Mundial de râguebi. Aquela estação de televisão adquiriu em exclusividade a transmissão da totalidade (48) dos encontros, não tendo negociado qualquer tipo de acordo de transmissão com outros canais de televisão portugueses.

Apesar de os jogos das selecções nacionais se enquadrarem na lista de transmissões televisivas de interesse público, anualmente definida pelo Governo, a participação dos "lobos" no Mundial não foi contemplada, já que o apuramento foi obtido cinco meses depois de ter sido actualizada aquela lista.

Segundo o gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva (tutela a comunicação social), citado na edição de hoje do "Jornal de Notícias", como nenhum canal de sinal aberto demonstrou interesse na aquisição dos direitos televisivos dos jogos da selecção nacional, o Governo não fez qualquer "aditamento excepcional".